Existe um determinado Lugar. Um Lugar que não existe para raparigas que se movem pela luz da segurança do previsível, do conforto dos escaparates familiares. Eu escrevo sobre um ponto de partida onde as roupas, o status social, a riqueza material e o controlo são deixados para trás. É o Lugar em que Ela se abandona para Ele, em quem confia apesar das trevas envolventes. A escuridão é tamanha que Ela apenas vislumbra o bailar das chamas das velas que Ele escolheu para matizar a orla da escuridão. Estamos na beira do Abismo.
A partir daqui, Ela toma a sua mão e Ele absorve-a. O mundo exterior esvaece e Ela apenas ganha consciência do Espaço e do Tempo que ocupa nEle. Ela assimila o seu calor, escuta os seus sussurros e cheira a sua fragrância.
Ela desconhece o que a escuridão lhe reserva, mas nada teme. Ela tem consciência que Ele a guiará justamente para onde Ela necessita de ir. É nesta certeza que Ela abraça a escuridão, submergindo numa intimidade inigualável.
Então, munido pela mesma habilidade com a qual a envolveu, Ele encaminha-a para a frente, para o Abismo…
Ela relaxa.
Inspira.
Expira.
E lança-se com Ele.
Ela está em Casa.
